Gasta-se mais com bens para animais do que em ajuda humanitária no Mundo. O exemplo do Darfur...







http://www.cnn.com/2007/WORLD/africa/09/30/sudan.darfur.ap/index.html
O Darfur. Que é o mesmo que dizer o berço da cultura núbia. Os antigos antagonistas do Império Egípcio sobreviveram até aos dias de hoje no Sudão e no Egitpo preservando a sua cultura quase intacta. Com a eventual cristinização, é certo, mas mesmo assim preservando formas de pensar que são essencialmente comunitárias e pastorais. Darfur esse que se encontra a ser dizimado pelos governos dos dois países que ocupam geograficamente a sua actual nação. Não vamos ser cegos, os egípcios fizeram a maior parte da destruição da identidade núbia com o lago Nasser. 50 a 70% da arquitectura núbia ficaram debaixo de terra aquando da construção do lago Nasser. Isso obrigou à deslocação de famílias, que se fixaram no Sudão, então em plena islamização. Essas famílias prosperaram, habituadas a viver numa região cada vez mais desertificada, especialmente através do gado, ligação que partilham com a sua antepassada e contemporânea, a Masaï. Historicamente o Sudão é um país em constante guerra civil e não tardou que os núbios fossem arrastados para essa guerra civil. Apesar de estarem naquelas terras há mais tempos que qualquer outra cultura o Governo pró-islâmico não tem problema nenhum em fomentar a sua extinção como estrangeiros, pela afluência dos núbios que viviam no Egipto. O modo de vida dos Núbios, baseado no gado, tornou-se alvo de ataques constantes dos “rebeldes” que não são mais do que uma extensão do exercito sudanês. Mesmo islamizados no último século, mantiveram-se fiéis ao seu estilo de vida e essa diferença cultural foi o suficiente para despoletar o ódio e as perseguições. O facto de a cor da sua pele ser mais negra que a dos muçulmanos do Norte está a ditar esta limpeza étnica, numa região que, mesmo não tendo riquezas naturais no seu subsolo, é rota de passagem de inúmeras delas. Por isso mesmo é que os Chineses e russos vão violando todos os embargos, por isso mesmo é que a América e a Europa olham para o lado. São um povo sem nada mais do que a sua dignidade. Mas o que vale a dignidade humana em Àfrica?


Aparentemente muito pouco. Vimos isto quando a China invadiu o Tibete. E quase víamos isto quando a Sérvia decidiu purificar o Kosovo. Já nem falo na forma impávida como as Nações Unidas assistiram ao genocídio do Ruanda. Ou à forma pacífica como o que se vai passando no Zimbabwe não move nenhum país ocidental a parar de olhar apenas para o seu ditador. Porque nós já vimos isto tudo, já vimos coisas parecidas, e não nos sentimos ligados a estas pessoas que sofrem, e ponto final. Como não sentimos não mexemos uma palha. Queremos os nossos bens de consumo e o resto que se foda. Sem excepção as pessoas olham pasmas para mim quando digo que reservo 1/3 do meu rendimento mensal para donativos e 10 horas semanais para voluntariado. Esbracejam que não têm tempo, não têm dinheiro. Tudo lhes faz falta. No fundo no fundo incomoda-as falar nestes assuntos. Porque lhes incomoda a passividade com quem passaram por este mundo. E o facto de, caso morressem hoje, nenhum bem ficaria por fazer no mundo, porque não são agentes de bem no mundo.

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